CURATION
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from this page:
by Matrix
The Integrated Global Creative Economy
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Name:
Casa de Oxumaré
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City/Place:
Salvador, Bahia
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Country:
Brazil
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Location & Map:
Avenida Vasco da Gama, 343, CEP.: 40.230.731 Salvador, Bahia, Brasil [open map]
Current News
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What's Up?
O Ilé Òsùmàrè Aràká Àse Ògòdó, conhecido como Casa de Òsùmàrè, é um dos mais antigos e tradicionais terreiros de candomblé da Bahia.
Ilé Òsùmàrè Aràká Àse Ògòdó, known as the House of Oxumaré, is one of the oldest and most traditional houses of candomblé in Bahia.
Life
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Bio:
Tradução para o inglês abaixo do texto em português. / English translation below the Portuguese text.
A história da Casa de Òsùmàrè remete à época da formação do candomblé no Brasil. A sua origem remonta ao início do século XIX e foi marcada pela luta e resistência de africanos escravizados que, obrigados a abandonarem suas terras e laços familiares, não renunciaram à sua cultura e fé. Seu fundador Bàbá Tàlábí, oriundo da antiga cidade Kpeyin Vedji, localizada a noroeste de Abomey, aportou em Salvador em 1795 na condição de escravizado. Foi um sacerdote com grande propriedade para introduzir e difundir o culto aos Òrìsà no Brasil, por pertencer a uma das mais relevantes famílias de Culto à Sakpata (Ajunsún), na África.
Após curar seu senhor através da ciência Yorùbá, passa a viver como liberto e se dedica ao comércio iniciando trocas entre a capital e o recôncavo baiano. Por volta de 1820, na Cidade de Cachoeira, Bàbá Tàlábí ajuda a fundar o culto a Ajunsún no calundu do Obi Tedó (“fundação da família”). Este local tornar-se-ia a referência primordial da Casa de Òsùmàrè no Brasil. Ali outros negros escravizados de diferentes etnias também compartilharam as suas tradições participando da gênese da tradição religiosa da Casa de Òsùmàrè. Anos mais tarde em 1836, Bàbá Tàlábí, com o intuito de consolidar as bases do culto a Ajunsún na Bahia, adquire sua primeira propriedade na Rua das Grades de Ferros, em Salvador. Este local, além de ser um espaço dedicado à religiosidade, também deu origem a uma irmandade com características conventuais, onde os filhos e filhas de santo passam residir permanentemente. Conforme consta dos registros da época, Bàbá Tàlábí comprava a liberdade de seus filhos de santo, respondendo legalmente por eles. Estes passavam a viver como libertos, trabalhavam e ajudavam comprar a alforria de outros escravizados agregando-os a família de Asè.
Na sua época, Bàbá Tàlábí foi um dos maiores responsáveis pela manutenção da cultura e religiosidade africana no Brasil. Ele possuía um estabelecimento no Mercado de Santa Barbara, em Salvador, onde vendia dendê e outros produtos utilizados no culto aos Orìsàs que importava do continente africano. Viajando frequentemente à África com finalidade de abastecer sua loja, aproveitava para renovar os seus conhecimentos religiosos, chegando a trazer sacerdotes africanos para enriquecer o culto às divindades na Casa Òsùmàrè e na Bahia. Em 13 de outubro de 1845, Bàbá Tàlábí adquire um novo imóvel, desta vez uma roça, na Cruz do Cosme, solidificando um templo que se tornaria um dos símbolos de resistência do povo negro da Bahia.
O sucessor de Bàbá Tàlábí, Bàbá Salako assume o comando da Casa Òsùmàrè, em 1866, com os mesmo princípios: reconstrução familiar e resgate religioso para os africanos e seus descendentes. Bàbá Salako tornou-se também muito influente, destacando-se por seu ativismo político, além de dar continuidade aos negócios comercias de seu Bàbálòrìsà. Em seu tempo tornou-se uma eminente personalidade de Cachoeira e Salvador, atuando energicamente na campanha abolicionista. Foi presidente da Sociedade Montepio dos Artistas, sua mãe e suas irmãs fundaram a Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte e seu irmão Zé do Brechó, presidiu a Irmandade dos Nagôs. Na gestão de Bàbá Salako a Casa de Òsùmàrè deu seus primeiros e passos na luta política pela conquista dos primeiros direitos do povo negro. Foi também durante a sua gestão que a Casa de Òsùmàrè efetua uma nova migração do seu asé, desta vez para uma casa na Rua da Lamma, no atual bairro do Garcia. Existe um registro policial da época que descreve uma batida policial na roça da Cruz do Cosme, durante a festa do inhame novo. Acredita-se que estas batidas poderão ter-se intensificado com o desenvolvimento do perímetro urbano no eixo da região da Liberdade, o que poderá ter motivado uma transferência do terreiro para o outro lado da cidade.
Conforme registros dos jornais da época, após o falecimento de Bàbá Salako, intensificaram-se as perseguições à Casa de Òsùmàrè. No dia 20 de abril de 1904, dia do arremate do segundo asésé de Bàbá Salakó, o seu sucessor, Antônio Manoel Bonfim, e seus filhos de santo são presos e conduzidos à delegacia por descumprimento da ordem policial de cessar imediatamente com o candomblé que estrugia durante dias sem parar. Contudo, não ficaram detidos por muitos dias, para perpetuar o terreiro, em 1904, Babá Antônio é obrigado a migrar o terreiro para o local onde se encontra até os dias atuais. A sua gestão foi marcada por uma forte resistência, pois, mesmo assentando o terreiro no topo de uma colina com densa vegetação para ocultar o templo, as batidas policias continuaram fazendo parte do cotidiano da Casa de Òsùmàrè. Por intermédio de seu conhecimento religioso Babá Antônio intervia nos mais diversos problemas e curava muitas enfermidades por meio da medicina africana. Diversos artigos em periódicos da época apontam Seu Antonio de Òsùmàrè como um dos maiores curandeiros da Bahia. De fato, Bàbá Antônio deixou um rico legado à Casa de Òsùmàrè sobre o conhecimento do uso medicinal e liturgico das ervas. Bàbá Antônio também foi o responsável em implantar o culto ao Òrìsà Yèwá no Brasil, iniciando Maria das Mercês para esta divindade, sendo que antes dela não havia registro de pessoa iniciada para este Òrìsà.
Em 1927, Maria das Mercês, conhecida como Mãe Cotinha de Yèwá, ascende à posição máxima no terreiro, fazendo parte do núcleo de mulheres influentes, conhecidas como Negras do Partido Alto, atuava na articulação de defesa e liberdade dos negros. Mãe Cotinha iniciou no candomblé mais de uma centena de filhas de santo, que mais tarde viajaram aos mais diversos Estados e tornaram-se Ìyálòrìsàs e Babàlòrìsàs, ramificando a Casa de Òsùmàrè pelo país.
Mãe Cotinha deu início à era matriarcal na Casa de Osùmàrè, tendo como sua sucessora a saudosa Ìyálòrìsà Simplícia Brasília da Encarnação. Ìyá Simplícia, como era popularmente conhecida, foi uma mulher muito batalhadora e protetora de suas filhas de santo, não permitindo que fossem exploradas pela elite racista da época. Para garantir que suas filhas de santo tivessem seus sustentos, ensinava-as a produzir os típicos quitutes baianos ao mesmo tempo em que proporcionava condições para que elas se tornassem donas de seus próprios negócios, exigindo apenas que frequentassem a escola.
A bondade e o carisma de Mãe Simplícia proporcionavam-lhe amizades nas mais diversas esferas da sociedade. Assim em 1952, foi que ela tomou conhecimento que o presidente Getúlio Vargas, juntamente com o governador Régis Pacheco, o senador Assis Chateubriand e o vice-presidente Café Filho, iriam inaugurar o Grande Hotel Caldas do Cipó, no sertão da Bahia. Diante desta informação, articulou-se para realizar a recepção para o Presidente e sua comitiva, com o intuito de denunciar as perseguições, principalmente policiais, que o Candomblé sofria a época. Embora a Casa de Òsùmàrè já não fosse mais vítima de abordagens policiais, em virtude do prestígio de Mãe Simplícia, ela indignava-se com a obrigatoriedade de obtenção de uma dispendiosa licença na Delegacia de Jogos e Costumes para que os terreiros pudessem realizar suas funções religiosas.
Sete anos após do falecimento de Mãe Simplícia, sua filha biológica, Nilzete Austricliano da Encarnação, em 1974, toma posse como Ìyálòrìsà da Casa de Osùmàrè. A sua gestão foi marcada por sua doçura na liderança da comunidade e forte determinação em assegurar a propriedade do terreiro que sofria forte especulação imobiliária. Ìyá Nilzete de Yemojá trabalhou arduamente para pagar cobranças indevidas referentes à propriedade do terreiro. Em 1988, lutaram com veemência para impedir a desapropriação das terras do Terreiro, que seriam tomadas para construção de uma passarela para pedestres na Avenida Vasco da Gama, visando interligar o bairro da Federação com o bairro do Engenho Velho de Brotas. A construção idealizada pela prefeitura iria apropriar-se de uma grande área da Casa de Òsùmàrè, destruindo a fonte de água – elementar para o culto aos Òrìsà – e a árvore Ìrókò, o Pai de todas as árvores. Mãe Nilzete e Bàbá Pecê passaram a fazer plantão nas escadarias do Terreiro, ao lado da árvore sagrada, lutando pela sua preservação, chegando mesmo a colocar-se em frente aos tratores para impedir a destruição da grande Árvore-Òrìsà.
Empenhados na defesa do Terreiro, recorreram a diversas instituições públicas como a Prefeitura Municipal de Salvador e a Assembleia Legislativa do Estado da Bahia. O carisma de Mãe Nilzete e o prestigio histórico da Casa de Òsùmàrè fizeram com que representantes de diversos segmentos sociais, lideranças políticas e religiosas se reunissem criando um grupo de defesa do Terreiro. Os esforços empreendidos por essa frente de defesa foram exitosos e o projeto de implantação da passarela foi alterado. O pleito vitorioso beneficiou não só a Casa de Òsùmàrè, mas também o Candomblé baiano, uma vez que a repercussão e os esforços contribuíram para que no ano seguinte a Constituição do Estado da Bahia dispusesse, em seu art. 275, os seguintes termos: “É dever do Estado preservar e garantir a integridade, a respeitabilidade e a permanência dos valores da religião afro-brasileira’’. A legislação atual também reconheceu oficialmente o Candomblé como religião.
Foi atuando nessa frente de defesa que Bàbá Pecê percebeu a importância de dialogar com o poder público e a sociedade para assegurar efetivamente o cumprimento dos direitos civis e da liberdade religiosa. Essa passagem sem dúvida foi o marco inicial na sua trajetória de luta em defesa do povo-de-santo, luta essa que permanece até os dias de hoje. Diante de todo o sofrimento pelo qual passou ao ver a Casa de Òsùmàrè ameaçada, e que consumiu também a saúde de sua Mãe, desejou então que ninguém mais passasse por tamanho pesar.
Em 1991, Bàbá Pecê, Sivanilton Encarnação da Mata, filho biológico de Mãe Nizete assume o Terreiro, contando com apoio das anciãs da Casa de Òsùmàrè, que tanto aguardavam a profecia de Ògún em seu nascimento. Bàbá Pecê nasceu no terreiro de Òsùmàrè, no dia da celebração de Òsùmàrè, quando veio à luz, o Òrísà Ògùn manifestado em sua avó o pegou nos braços e o apresentou para todos como futuro Bàbálòrìsà da Casa de Òsùmàrè. Bàbá Pecê com seu amor e carisma tornou-se uma referência de conduta sacerdotal por todo o território nacional e internacional. O reconhecimento de Bàbá Pecê no âmbito religioso e político veio de todo o trabalho por ele desempenhado para a promoção e defesa não só do povo-de-santo, mas também por proteger a infância, a comunidade negra e aqueles em situação de maior vulnerabilidade.
Já na gestão de Bàbá Pecê, a Casa de Òsùmàrè recebeu a visita de dois reis Yoruba: Sua Majestade Oba Alákétu Adiro Adétutu, Rei de Kétu e, recentemente, o Aláàfin de Oyo, Oba Àlàájì Lamidi Oláyiwolá Adéyemi III. Estes foram momentos ímpares em que a Mãe África reconheceu no Brasil a preservação de seus cultos, ritos e tradições, restabelecendo os vínculos de uma forma sem precedentes. Preocupado com a preservação da religião tradicional dos Òrísà no continente africano, Bàbá Pecê viajou até à Nigéria e ao Benin para resgatar alianças com as lideranças tradicionais e somar esforços internacionais na luta de nossos irmãos, que nos dias atuais também se encontram severamente ameaçados pela intolerância religiosa. A contínua batalha de Bàbá Pecê em prol da emancipação da religiosidade de matriz africana no Brasil e pela promoção do respeito mútuo entre as religiões tornaram a Casa de Òsùmàrè em uma referência nacional na luta pelos direitos humanos. Bàbá Pecê dedica sua vida a transmitir os valores da fé, do amor ao próximo e do respeito à natureza, defendendo veementemente a necessidade de semear a compaixão, a compreensão e a benevolência no coração dos homens, mulheres e crianças.
Em sua gestão reconhecimentos importantes foram conferidos a Casa de Òsùmàrè, em 15 de abril de 2002, a Fundação Cultural Palmares reconheceu a Casa de Òsùmàrè como território cultural afro-brasileiro, atestando sua permanente contribuição para a preservação da história dos povos africanos no Brasil. Dois anos depois, em 15 de dezembro de 2004, foi registrado em livro de tombo do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia – IPAC como patrimônio material e imaterial do Estado. Em 9 de julho de 2014, a Casa de Òsùmàrè foi finalmente inscrita nos Livros de Tombo Histórico e no Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico, como Patrimônio Nacional do Brasil.
Além de desenvolver atividades religiosas, a Casa de Òsùmàrè é ativamente engajada em projetos sociais e culturais, que contribuem para o desenvolvimento e inclusão das comunidades do seu entorno. Comprometida na luta contra o preconceito e a intolerância religiosa, possui um extenso histórico de realização de atividades e ações que visam a valorizar o legado cultural afro-brasileiro e garantir o direito de cada cidadão em professar livremente sua fé. Para melhor desempenhar estas funções, desde 1988, institucionalizou-se sob a denominação, Associação Cultural e Religiosa São Salvador.
English:
The history of the Casa de Òsùmàrè traces back to the origins of Candomblé in Brazil. Its foundation dates to the early 19th century, rooted in the struggle and resistance of enslaved Africans who, forced to abandon their homelands and family ties, refused to renounce their culture and faith. Its founder, Bàbá Tàlábí, came from the ancient city of Kpeyin Vedji, located northwest of Abomey, and arrived in Salvador in 1795 as an enslaved man. A priest deeply versed in Òrìsà worship, he belonged to one of the most prominent families of the Sakpata (Ajunsún) Cult in Africa.
After curing his enslaver through Yoruba medicinal knowledge, he gained his freedom and dedicated himself to trade, establishing exchanges between the capital and the Recôncavo region of Bahia. Around 1820, in the city of Cachoeira, Bàbá Tàlábí helped establish the Ajunsún cult at Obi Tedó's *calundu* (“family foundation”). This place became the primary reference point for the Casa de Òsùmàrè in Brazil. Enslaved Africans of various ethnicities also shared their traditions there, contributing to the genesis of the Casa de Òsùmàrè’s religious tradition. Years later, in 1836, to consolidate the Ajunsún cult in Bahia, Bàbá Tàlábí acquired his first property on Rua das Grades de Ferros in Salvador. This location, beyond serving as a spiritual space, also became home to a brotherhood with convent-like characteristics, where *filhos e filhas de santo* (Candomblé initiates) lived permanently. Historical records reveal that Bàbá Tàlábí purchased the freedom of his *filhos de santo*, taking legal responsibility for them. They then lived as freed people, worked, and helped secure the emancipation of other enslaved individuals, incorporating them into the Asè family.
During his time, Bàbá Tàlábí played a crucial role in preserving African culture and spirituality in Brazil. He operated a shop in the Mercado de Santa Barbara in Salvador, selling palm oil and other products essential for Òrìsà worship, which he imported from Africa. On his frequent trips to Africa to replenish his inventory, he also refreshed his religious knowledge, bringing African priests to enrich the Òrìsà cult in the Casa de Òsùmàrè and Bahia. On October 13, 1845, Bàbá Tàlábí purchased a new property, this time a farm in Cruz do Cosme, establishing a temple that became a symbol of Black resistance in Bahia.
In 1866, Bàbá Salako succeeded Bàbá Tàlábí, maintaining the same principles of family reconstruction and religious restoration for Africans and their descendants. Bàbá Salako became highly influential, noted for his political activism and for continuing the commercial endeavors of his predecessor. He emerged as a prominent figure in Cachoeira and Salvador, actively participating in the abolitionist movement. He was president of the *Sociedade Montepio dos Artistas*, while his mother and sisters founded the *Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte*, and his brother Zé do Brechó presided over the *Irmandade dos Nagôs*. Under Bàbá Salako’s leadership, Casa de Òsùmàrè took its first political steps, advocating for Black rights. During his tenure, the Asè migrated to a house on Rua da Lamma in today’s Garcia neighborhood, partly due to police raids and urban expansion near Cruz do Cosme.
Following Bàbá Salako's death, persecution against Casa de Òsùmàrè escalated. On April 20, 1904, during the second *asésé* (funeral ritual) for Bàbá Salako, his successor, Antônio Manoel Bonfim, and other initiates were arrested for defying a police order to cease continuous Candomblé rituals. Though not detained for long, Bàbá Antônio relocated the terreiro in 1904 to its current site, amid ongoing police harassment. Bàbá Antônio became known for his expertise in African medicine, curing illnesses and gaining recognition as one of Bahia’s most renowned healers. He introduced the worship of Òrìsà Yèwá in Brazil, initiating Maria das Mercês (Mãe Cotinha) into this cult.
In 1927, Mãe Cotinha de Yèwá assumed leadership, initiating over a hundred *filhas de santo*, who later spread the Casa de Òsùmàrè’s traditions nationwide. Mãe Cotinha inaugurated the matriarchal era of the Casa de Òsùmàrè, succeeded by Ìyálòrìsà Simplícia Brasília da Encarnação (Mãe Simplícia). Mãe Simplícia protected her community, ensuring her initiates became self-reliant entrepreneurs, particularly through selling traditional Bahian foods. Her leadership earned her connections across societal spheres, which she leveraged to advocate against police persecution of Candomblé.
After Mãe Simplícia’s passing, her daughter, Nilzete Austricliano da Encarnação (Ìyá Nilzete), assumed leadership in 1974. She fiercely defended the terreiro’s property from real estate speculation, particularly during a 1988 attempt by the Salvador city government to expropriate land for a pedestrian bridge. Ìyá Nilzete and Bàbá Pecê stood firm, successfully rallying public and political support, which led to constitutional protections for Afro-Brazilian religion in Bahia.
In 1991, Bàbá Pecê (Sivanilton Encarnação da Mata) became leader, fulfilling a prophecy tied to his birth at Casa de Òsùmàrè. Under his leadership, Casa de Òsùmàrè became a national and international reference for human rights and the preservation of Afro-Brazilian culture. His initiatives included alliances with African religious leaders and efforts to combat religious intolerance in Africa and Brazil.
Recognized as a cultural landmark, Casa de Òsùmàrè was designated a national heritage site in 2014 and continues to engage in religious, cultural, and social projects, promoting Afro-Brazilian culture and combating prejudice and religious intolerance. Since 1988, it operates under the institutional name Associação Cultural e Religiosa São Salvador.
Clips (more may be added)
The Bahian Recôncavo was final port-of-call for more enslaved human beings than any other place throughout the entirety of mankind’s existence on this planet.
Brazil absorbed over ten times the number of enslaved Africans taken to the United States of America, and is a repository of African deities now largely forgotten in their lands of origin.
Brazil was a refuge (of sorts) for Sephardim fleeing an Inquisition which followed them across the Atlantic (that unofficial symbol of Brazil’s national music — the pandeiro — was almost certainly brought to Brazil by these people).
Across the parched savannas of the interior of Brazil’s culturally fecund nordeste/northeast (where wizard Hermeto Pascoal was born in Lagoa da Canoa — Lagoon of the Canoe — and raised in Olho d’Águia — Eye of the Eagle), much of Brazil’s aboriginal population was absorbed into a caboclo/quilombola culture punctuated by the Star of David.
"Great culture is great power. And in a small world great things are possible."
The Matrix was built to open the world to Bahian musicians by opening the world to all creators.
In the Matrix you curate people (and entities) for what they do and where they do it. And they can curate you. A network is formed.
By the mathematical magic of the small-world phenomenon, everybody in the Matrix (as in human society) tends to within degrees of everybody else.
And by logical extension, the entire planet. All can (potentially) be found by everybody. QED
Recently accessed from:

"Thanks, this is a brilliant idea!!"
—Alicia Svigals (NEW YORK CITY): Apotheosis of klezmer violinists
"Dear Sparrow: I am thrilled to receive your email! Thank you for including me in this wonderful matrix."
—Susan Rogers (BOSTON): Director of the Berklee Music Perception and Cognition Laboratory ... Former personal recording engineer for Prince; "Purple Rain", "Sign o' the Times", "Around the World in a Day"
"Dear Sparrow, Many thanks for this – I am touched!"
—Julian Lloyd Webber (LONDON): Premier cellist in UK; brother of Andrew (Evita, Jesus Christ Superstar, Cats, Phantom of the Opera...)
"This is super impressive work ! Congratulations ! Thanks for including me :)))"
—Clarice Assad (RIO DE JANEIRO/CHICAGO): Pianist and composer with works performed by Yo Yo Ma and orchestras around the world
"We appreciate you including Kamasi in the matrix, Sparrow."
—Banch Abegaze (LOS ANGELES): manager, Kamasi Washington
"Thanks! It looks great!....I didn't write 'Cantaloupe Island' though...Herbie Hancock did! Great Page though, well done! best, Randy"
"Very nice! Thank you for this. Warmest regards and wishing much success for the project! Matt"
—Son of Jimmy Garrison (bass for John Coltrane, Bill Evans...); plays with Herbie Hancock and other greats...
Ground Zero for the project was the culture born in Brazil's quilombos (in Angola a kilombo is a village; in Brazil it is a village either founded by Africans or Afro-Brazilians who had escaped slavery, or — as in the case of São Francisco do Paraguaçu below — occupied by such after abandonment by the ruling class):

...theme for a Brazilian Matrix, from an Afro-Brazilian Mass by
Milton Nascimento
I opened the shop in Salvador, Bahia in 2005 in order to create an outlet to the wider world for magnificent Brazilian musicians.
David Dye & Kim Junod for NPR found us (above), and Kareem Abdul-Jabbar (he's a huge jazz fan), David Byrne, Oscar Castro-Neves... Spike Lee walked past the place while I was sitting on the stoop across the street drinking beer and listening to samba from the speaker in the window...
But we weren't exactly easy for the world-at-large to get to. So in order to extend the place's ethos I transformed the site associated with it into a network wherein Brazilian musicians I knew would recommend other Brazilian musicians, who would recommend others...
And as I anticipated, the chalky hand of God-as-mathematician intervened: In human society — per the small-world phenomenon — most of the billions of us on earth are within some 6 or fewer degrees of each other. Likewise, within a network of interlinked artists as I've described above, most of these artists will in the same manner be at most a handful of steps away from each other.
So then, all that's necessary to put the Brazilians within possible purview of the wide wide world is to include them among a wide wide range of artists around that world.
If, for example, Quincy Jones is inside the matrix, then anybody on his page — whether they be accessing from a campus in L.A., a pub in Dublin, a shebeen in Cape Town, a tent in Mongolia — will be close, transitable steps away from Raymundo Sodré, even if they know nothing of Brazil and are unaware that Sodré sings/dances upon this planet. Sodré, having been knocked from the perch of fame and ground into anonymity by Brazil's dictatorship, has now the alternative of access to the world-at-large via recourse to the vast potential of network theory.
...to the degree that other artists et al — writers, researchers, filmmakers, painters, choreographers...everywhere — do also. Artificial intelligence not required. Real intelligence, yes.
Years ago in NYC (I've lived here in Brazil for 32 years now) I "rescued" unpaid royalties (performance & mechanical) for artists/composers including Barbra Streisand, Aretha Franklin, Mongo Santamaria, Jim Hall, Clement "Coxsone" Dodd (for his rights in Bob Marley compositions; Clement was Bob's first producer), Led Zeppelin, Ray Barretto, Philip Glass and many others. Aretha called me out of the blue vis-à-vis money owed by Atlantic Records. Allen Klein (managed The Beatles, The Rolling Stones, Ray Charles) called about money due the estate of Sam Cooke. Jerry Ragovoy (Time Is On My Side, Piece of My Heart) called just to see if he had any unpaid money floating around out there (the royalty world was a shark-filled jungle, to mangle metaphors, and I doubt it's changed).
But the pertinent client (and friend) in the present context is Earl "Speedo" Carroll, of The Cadillacs. Earl went from doo-wopping on Harlem streetcorners to chart-topping success to working as a custodian at PS 87 elementary school on the west side of Manhattan. Through all of this he never lost what made him great.
Greatness and fame are too often conflated. The former should be accessible independently of the latter.
Yeah this is Bob's first record contract, made with Clement "Sir Coxsone" Dodd of Studio One and co-signed by his aunt because he was under 21. I took it to Black Rock to argue with CBS' lawyers about the royalties they didn't want to pay (they paid).
Matrix founding creators are behind "one of 10 of the best (radios) around the world", per The Guardian.
Across the creative universe... For another list, reload page.
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TOTAL